segunda-feira, setembro 01, 2008
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
o poema, senhores,
não fede
nem cheira
Ferreira Gullar
Imagem retirada do Google
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2 comentários:
Óptima a imagem que escolheste para este poema...porque ele 'não fede nem cheira'...
Uma realidade bem triste!
Beijocas
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