terça-feira, maio 25, 2010
Moral da história
Deixamos passar o outono, o inverno,
a primavera, o verão,
e fazemos de conta que lhes sobrevivemos
como se tudo não passasse
de inofensiva e reversível
sucessão.
Passeamos de mãos dadas,
temos filhos e casamos,
pedimos a reforma,
partilhamos o gelado na praia
junto à rebentação,
apertamos o casaco na gola
quando as folhas se deitam,
pisamos papoilas em caminhos
de aldeias abandonadas,
olhamos a água no tanque
quando levamos o cão à rua
de madrugada,
e dizemos: é isto a vida, é isto
o real
(e assim nos enganamos)
como meninos
livres para brincar junto do poço
enquanto a mãe não está a olhar
ou fala ao telefone,
ou prepara o almoço.
Rui Lage
Imagem retirada do Google
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3 comentários:
Não conhecia. Gostei...
Imensamente tocante e verdadeiro, porque há quem "de barriga cheia" passe uma vida inteiracom queixumes "de nada e sobre nada porque tem tudo" sem disfrutar do quer que seja. Nada como disfrutar tudo, mas tudo, até das coisas más que logo passam a boas tal como uma criança que brinca livremente.
Junto a poços é que não e não!!!
ADOREI e não conhecia.
Beijocas
E...como nos enganamos!
Beijos.
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