quinta-feira, fevereiro 11, 2010
Prelúdio
Quando o descobridor chegou à primeira ilha
nem homens nus
nem mulheres nuas
espreitando
inocentes e medrosos
detrás da vegetação.
Nem setas venenosas vindas do ar
nem gritos de alarme e de guerra
ecoando pelos montes.
Havia somente
as aves de rapina
de garras afiadas
as aves marítimas
de vôo largo
as aves canoras
assobiando inéditas melodias.
E a vegetação
cujas sementes vieram presas
nas asas dos pássaros
ao serem arrastados para cá
pelas fúrias dos temporais.
Quando o descobridor chegou
e saltou da proa do escaler varado na praia
enterrando
o pé direito na areia molhada
e se persignou
receoso ainda e surpreso
pensa n´El-Rei
nessa hora então
nessa hora inicial
começou a cumprir-se
este destino ainda de todos nós.
Jorge Barbosa (Cabo Verde)
Imagem retirada do Google
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4 comentários:
Muito real e tocante. Não conhecia e gostei muito!
Beijocas e um bom dia:)
Uma verdadeira crónica histórica com toques de poesia...
Um poema histórico.
Gostei, obrigado pela partilha.
Beijos.
Um poema emocionante.
Quanto à homenagem eu fico é sem palavras. Mas ainda te digo que a vida é mesmo uma merda, muitas vezes.
Um beijo de carinho.
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