quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Poema do coração



Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade,
e a Sinceridade,
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração.
Então poderia dizer-vos:
"Meus amados irmãos,
falo-vos do coração",
ou então:
"com o coração nas mãos".

Mas o meu coração é como o dos compêndios
Tem duas válvulas (a tricúspida e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue a circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis dos movimentos.

Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados,
e uma lâmina baça e agreste, que endurece
a luz dos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e que ateia os incêndios,
é coisa do simpático.Vem tudo nos compêndios.

Então, meninos!
Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?

António Gedeão

Imagem retirada do Google

4 comentários:

jorge vicente disse...

e o amor vem mesmo do coração.

le vert poéme de l'amour...

grande abraço
jorge vicente

Fatyly disse...

Como gosto deste poema com uma lição genial.

Beijocas

Paula Raposo disse...

É excelente este poema do Gedeão!
Beijos.

Politikus disse...

Uma bela lição de anatomia do amor.