segunda-feira, julho 06, 2009

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Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco.

Gabriel García Márquez,(Memórias de Minhas Putas Tristes - Pg. 74),visto aqui

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Fatyly disse...

SE descobriu...respeito, mas não vejo o amor como um signo do Zodíaco! Poderá ser metáfora...mas enfim...

Beijocas e um bom dia:)

Paula Raposo disse...

Não li este livro. Gostei desta partilha. Beijos.

peciscas disse...

E será que o Garcia Marquez é mesmo sincero quando diz estas coisas?

Nilson Barcelli disse...

Já li o livro há algum tempo e não me lembro dos pormenores, mas o escritor diz isto num determinado contexto da sua fase boémia.
É dos melhores escritores que já li, mas este livro, na minha opinião, está bem longe de ser o melhor que ele escreveu.
Querida amiga, boa semana.
Beijo.