sexta-feira, julho 03, 2009
Poema da buganvília
Algum dia o poema será a buganvília
pendente deste muro da Calçada da Graça.
Produz uma semente que faz esquecer os jornais, o emprego e a família,
e além disso tudo atapeta o passeio alegrando quem passa.
Mas antes desse dia há-de secar a buganvília
e o varredor há-de levar as flores secas para o monturo.
Depois cairá o muro.
E como o tempo passa
mesmo contra a vontade,
também há-de acabar a Calçada da Graça
e o resto da cidade.
Então, quando nada restar, nem o pó de um sorriso
que é o mais leve de tudo que se pode supor,
será esse o momento de o poema ser flor,
mas já não é preciso.
António Gedeão
Imagem retirada do Google
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3 comentários:
Tal como a necessidade de um abraço, dum sorriso, duma palavra,...é preciso que cheguem a tempo...para nos transformarem em flor...
Mas o tempo passa...
:)
Um sorriso para ti como quem vê a buganvília
Então aplica-se o velho ditado: não guardes para amanhã o que podes fazer hoje e olhando para a "buganvília" toma lá um enorme abraço em feitio de flor:)
Um poema desencantado. Beijos.
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