quarta-feira, julho 22, 2009

Viver na Beira-Mar



Nunca o mar foi tão ávido
quanto a minha boca. Era eu
quem o bebia. Quando o mar
no horizonte desaparecia e a areia férvida
não tinha fim sob as passadas,
e o caos se harmonizava enfim
com a ordem, eu
havia convulsamente
e tão serena bebido o mar.

Fiama Hasse Pais Brandão

Foto retirada do Google

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Um excelente poema de Fiama! Beijos.

Fatyly disse...

Não conhecia este poema tão preenchente desta nossa poetisa falecida em 2007.
Há um que tenho aqui guardado por gostar muito:

A porta branca

Por detrás desta porta,
uma de todas as portas que para mim se abrem e se fecham,
estou eu ou o universo que eu penso.
Deste meu lado, dois olhos que vigiam
os fenómenos naturais, incluindo a celeste mecânica
e as sociedades humanas, sedentárias e transumantes.

Mas podem os olhos fazer a sua enumeração,
e pode o pensado universo infindamente ir-se,
que para mim o que hoje importa
é aquela olhada vaga porta.

Que ela seja só como a vejo, a porta branca,
com duas almofadas em recorte,
lançada devagar sobre o vão do jardim,
onde o gato, por uma fenda aberta
pela sua pata, tenta ver-me,
tão alheio a versos e a universos.

Fiama Hassa Pais Brandão

Gostei muito!

Beijocas e um bom dia

Nilson Barcelli disse...

Belíssimo poema querida amiga.
Obrigado pela partilha.
Beijo.