segunda-feira, julho 20, 2009
A inegualável
Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de setim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem joias pretas...
E tão febril e delicada
Que não podesses dar um passo -
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de côr no regaço...
Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...
Ah! que as tuas nostalgias fôssem guisos de prata -
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Teus beijos, queria-os de tule,
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos, de sêda...
- Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor por mim...
Mário de Sá-Carneiro
Imagem retirada do Google
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Belíssimo!! Água preciosa essencial...beijinhos.
O Mário de Sá-Carneiro viveu depressa mas intensamente.
Nos seus poemas transparece isso mesmo.
Um poema cheio de vida de quem amou a 100%. Lindissimo!
Beijocas
Enviar um comentário