sábado, julho 12, 2008

A menina pó de arroz



A menina pó de arroz,
Nascida à beira do mar
Com o oceano nos olhos
E com sorrisos de lua
Nos seus lábios pequeninos
Que nunca ninguém beijou,
A menina pó de arroz,
Com seus cabelos de cobre
Onde o vento vem brincar,
Assoma à sua janela
P'ra ver a noite estrelada,
Para ouvir os sons da noite,
Para beber o luar.
Para ter em suas mãos
Macias, longas e brancas,
A noite tépida e branda,
A velha noite calada.
A menina pó de arroz,
Que por uma abreviatura
Do seu nome arrevesado
É chamada entre família
Por um nome miudinho
De marca de pó de arroz,
Com seu corpinho de fada
Que saiu de alguma fonte
Que há pouco perdeu o encanto,
Com a cabeça nas mãos,
Enquanto na casa dormem,
Veio pôr-se na janela
Para que a noite a beijasse.
A menina pó de atroz
Estará enamorada?

António Rebordão Navarro

Tela:Salvador Dali

4 comentários:

Luis Neves disse...

Tenho este postal em casa à anos, e será sempre uma imagem que nunca vou esquecer. Não conhecia este poema que deve ter sido feito para casar com esta imagem.
Como sempre só nos mostram poemas muito bons. Obrigado

Paula Raposo disse...

Porque tenho uma visão romântica da vida...ela só pode estar enamorada!! Beijos.

Fatyly disse...

Subscrevo as palavras de Paula Raposo.

Esta é uma das poucas telas de Salvador Dali que gosto muito.

Um poema e tela que me encheu a alma pela sua ternura e magia.

Beijos

papagueno disse...

É o quadro do Dali que eu mais gosto e já tive a sorte de o ver ao vivo e a cores.
Bjs