quinta-feira, julho 24, 2008

Impressão digital



Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandescente.

Inútil seguir vizinhos,
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

António Gedeão

Foto:Wind

4 comentários:

peciscas disse...

O Gedeão, o Chico... Duas das minhas referências mais sólidas e permanentes.

papagueno disse...

Outros podem ver outras coisas, eu vejo um grande poeta no Gedeão.
Beijos

Paula Raposo disse...

Mais um poema perfeito do António Gedeão! Até faço minhas as palavras do Peciscas! Nem mais. Duas referências.

Fatyly disse...

Perante a vida cada um tem a sua própria visão e eu vou sempre pelo "gnomos e fadas, cores e moinhos":)
Adorei:)

Beijocas