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Ainda te levarei
Amor
Para comer nozes frescas
Na montanha
E pendurar cerejas nas orelhas
Como se fossem flores
Ou rubis.
As nozes
Meu amor
Mancham os dedos
E são verdes e exatas
Como ovos
Mas as cerejas
Ah! As cerejas
São quando a cerejeira sua
Seu manso sangue.
ainda te levarei àquela casa
onde floriam lilases
e serpentes tão claras quanto a água
deslizavam ao pé das macieiras.
te mostrarei três lagos
no horizonte
três queijos maturando
numa adega
três lesmas
escondidas sob um vaso.
estará tudo lá
à nossa espera
morangueiras quebradas
lagartixas.
Só não estará meu medo
de menina
aquele mais escuro que os ciprestes
ecos no mato passos sobre a ponte
garras na saia vento nos cabelos
e o latejar das veias repetindo
estou sozinha
e ninguém me salva
Marina Colasanti
Foto:Zacarias Pereira da Mota
4 comentários:
Pôxa, há muito que não lia um poema tão sensível e encantador. Não conhecia esta poetisa.
A foto é magnífica!
Beijos e um resto de dia feliz.
O poema é sublime! A foto é linda também.
Beijos.
P.S. Tenho andado fugidia por circunstâncias diversas, mas não me esqueço deste canto:)
Os medos de menina...gostei. Beijos.
Lindo poema, grande imagem.
Beijos
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