terça-feira, julho 15, 2008
Há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
Há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu… como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado
por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos… sem ninguém
e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentado à porta… dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci… acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão
(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)
um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade.
Poema e Declamação:Al Berto
Foto:Mehmet Alci
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5 comentários:
Por vezes penso na busca que há em minha busca.
Cadinho RoCo
Sublimes!! Tanto as palavras escritas como a declamação...adorei!
Já conhecia este vídeo de um dos poemas mais bonitos do Al berto. A imagem também está óptima.
Bjs
Apesar de não apreciar muito Al Berto gostei tanto da declamação deste magnífico poema que desconhecia.
Beijocas
por favor, poderia-me explicar o poema?
muito obrigada. :)
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