sexta-feira, junho 25, 2010

Um solo de trompete



madrugada quase amanhecer bar pouco recomendado um tanto kitsch cachorro de porcelana no balcão sofá de brocado grená gasto e manco peixe empalhado boca aberta sobre a porta do banheiro quadro de são jorge iemanjá de louça barata como vim parar aqui por que sempre perco-me aqui é no que dá sair sem rumo noite adentro com amigos nem tão amigos assim ou noite afora uísque barato batom borrado gosto de sal grosso amargo na boca e esta coisa no peito apertando aqui terminamos sempre sós e sem rumo todas as noites perderam o prumo tanto tempo faz salva-se a música blues sopro trompete só o blues caberia nestas noites azul-escuras obscuras por que retorno por que finjo não doer e rio e bebo fumar não fumo um baseado às vezes com joão joão toca violoncelo perdeu-se na solidão das noites como eu ah essa dor esse cheiro esse incômodo esse tão imenso cansaço e volto sempre sei porque volto finjo não saber não querer mas enquanto houver este solo de trompete volto pelo beijo apaixonado do trompetista ao final da noite de cada noite tão certo neste bar como o cachorro de porcelana e o sofá grená

Márcia Maia daqui

Imagem retirada do Google

1 comentário:

Fatyly disse...

"Escritoras Suicidas"...credo...

Voltando ao texto...puxa...fiquei sem ar e com os olhos em bico onde me perdi por várias vezes...mas interessante por nunca tinha lido nada assim!

Beijos e um bom dia