sexta-feira, setembro 04, 2009
Obscuro domínio
Amar-te assim desvelado
entre barro fresco e ardor.
Sorver o rumor das luzes
entre os teus lábios fendidos.
Deslizar pela vertente
da garganta, ser música
onde o silêncio aflui
e se concentra.
Irreprimível queimadura
ou vertigem desdobrada
beijo a beijo,
brancura dilacerada
Penetrar na doçura da areia
ou do lume,
na luz queimada
da pupila mais azul,
no oiro anoitecido
entre pétalas cerradas,
no alto e navegável
golfo do desejo,
onde o furor habita
crispado de agulhas,
onde faça sangrar
as tuas águas nuas.
Eugénio de Andrade
Foto retirada do Google
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4 comentários:
Soberbo, Mestre!! Lindíssima a foto que escolheste, Isabel!! Sem mais palavras. Muitos beijos.
Eugénio, sempre!
E, como disse a Paula, a foto condiz perfeitamente com o texto.
Eugénio não escreve...beija as palavras.
Gostei imenso deste poema...e do olhar!
Beijocas
O desejo tudo comanda!
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