domingo, setembro 06, 2009

Num monumento à aspirina



Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis de meteorologia,
a toda a hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia...

João Cabral de Melo Neto

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Amélia disse...

Este monumento fez-me lembrar o poema de Álvaro de Campos Tenho uma grande constipação...que termina com
PRECISO DE VERDADE E DE ASPRIRINA.
Abraço

Paula Raposo disse...

Não conhecia! Excelente escolha da foto, Isabel! As usual. Beijos.

Fatyly disse...

O efeito de "dopagem" é sempre um "sol artificial".
Já o tinha lido e sempre que volto a ler suscita-me "inquietação".

Beijocas e UM BOM DIA sem aspirina