Não sei porque diabo escolheste
janeiro para morrer: a terra
está tão fria.
É muito tarde para as lentas
narrativas do coração,
o vento continua
a tarefa das folhas:
cobre o chão de esquecimento.
Eu sei:tu querias durar.
Pelo menos durar tanto como o tronco
da oliveira que teu avô
tinha no quintal.Paciência,
querido,também Mozart morreu.
Só a morte é imortal.
Eugénio de Andrade
Imagem retirada do Google
4 comentários:
Nunca ninguém sabe, mas Eugénio é fantástico neste poema...o leitor que sinta!
Adorei!
Beijos e um bom dia
Excelente! Adorei! Beijinhos e bom fim de semana.
Janeiro: morte do corpo, perenidade para além...
Triste mas genial.
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