sábado, março 06, 2010
Soneto do amor difícil
A praia abandonada recomeça
logo que o mar se vai, a desejá-lo:
é como o nosso amor, somente embalo
enquanto não é mais que uma promessa...
Mas se na praia a onda se espedaça,
há logo nostalgia duma flor
que ali devia estar para compor
a vaga em seu rumor de fim de raça.
Bruscos e doloridos, refulgimos
no silêncio de morte que nos tolhe,
como entre o mar e a praia um longo molhe
de súbito surgido à flor dos limos.
E deste amor difícil só nasceu
desencanto na curva do teu céu.
David Mourão-Ferreira
Imagem retirada do Google
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3 comentários:
Forte quanto basta para o tornar magnífico. Gostei imenso.
Beijocas e um bom sábado
Pujante!
Adorei!
Beijos, Isabel.
Não sei qual é a "praia", mas adorei
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