sexta-feira, março 26, 2010

Os amantes imponderáveis são archotes



Os amantes imponderáveis são archotes da matéria na sua frondosa verdura
e através da distância perfumada cintilam como as constelações
Como é magnífica a ébria lucidez do esplendor
e como é alta elástica e incandescente essa torre vermelha
que os dois corpos formam numa coluna do universo!
Uma lua desdobra-se num grande leque branco
enquanto o fogo dança sob os arcos nas grutas efervescentes
As pálpebras fecham-se para ver melhor as linhas do cristal
da nudez revelada com os seus veios e anéis de mercúrio e ouro
Despenham-se um no outro como violentas dunas
e na vermelha colmeia da amante o tenso peixe explode
em constelações de pólen ou em arabescos de fogo
A doçura queima a seda porejante dos músculos repousados
e os corpos dilatam-se na tranquilidade de uma grande dália de água.

António Ramos Rosa

Imagem daqui

3 comentários:

Márcia Maia disse...

Lindíssimo! Lindíssimo!
Um beijo daqui.

Fatyly disse...

Muito compacto e sinceramente não gostei...a foto é genial:)

Beijocas e um bom dia

Paula Raposo disse...

Maravilha de poema! A foto está linda!
Beijos.