1. Deixei o sol
na praia de Quissico
De bruços
sobre o Verão
eu deixei o Sol
na extensão do tempo
Molhando, quase líquido,
o dia afundava
nas fundas águas do Índico
A terra
se via estar nua
lembrando, distante,
seu parto de carne e lua
2. Não o pássaro: era o céu
que voava
O ombro da terra
amparava o dia
A luz
tombava ferida
pingando
como um pulso suicida
em minhas ocultas asas.
Mia Couto (Moçambique)
Imagem retirada do Google
6 comentários:
Estou a ler 'a varanda do frangipani'. Prefiro a poesia do Mia Couto.
Beijos
Gosto tanto deste poeta e não conhecia este poema tão cheio de tudo.
Beijocas e um bom dia
Olá! Gostei deste espaço. Muito parecido com o que estou a desenvolver. Voltarei.
Um abraço
Parabéns por disseminar tão belas palavras.
Adoro a poesia do Mia Couto e este poema é magnífico.
Bela escolha, querida amiga.
Um beijo.
Bom poema...
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