quinta-feira, novembro 13, 2008
Soneto ao caju
Amo na vida as coisas que têm sumo
E oferecem matéria onde pegar
Amo a noite, amo a música, amo o mar
Amo a mulher, amo o álcool e amo o fumo.
Por isso amo o caju, em que resumo
Esse materialismo elementar
Fruto de cica, fruto de manchar
Sempre mordaz, constantemente a prumo.
Amo vê-lo agarrado ao cajueiro
À beira-mar, a copular com o galho
A castanha brutal como que tesa:
O único fruto – não fruta – brasileiro
Que possui consistência de caralho
E carrega um culhão na natureza.
Vinícius de Moraes
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4 comentários:
No fim de semana, na praia, os cajueiros estavam lindos: repletos de cajus.
Beijo daqui.
Não conhecia este poema!! Perfeitamente fabuloso, só mesmo Vinícius para escrever assim...adorei!! Beijos.
Não conhecia este poema e soltei uma tremenda gargalhada.
Em Luanda havia cajueiros por todo o lado, mas nas praias proliferaram os coqueiros, as melancias cultivadas no areal - UMA DELÍCIA - e não me recordo de ver algum na praia.
Adoro este fruto, realmente tem a consistência de c.... e pendurados fazem lembrar o resto:))))) e para o arrancar tem que se ir mesmo lá, torcer porque não saí nem à paulada. Suja pr'a caramba e na roupa é nódoa para sempre.
Por vezes os meus pais queriam saber por onde tinhamos andado...mentíamos como é óbvio...mas a queimadura da castanha era o sinal denunciador:)
Adorei, adorei:)
Beijocas e um resto de BOM DIA!
Não conhecia esta faceta vernácula do poeta...eh eh
Beijinhos
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