sexta-feira, novembro 07, 2008

Nem tão nuas



Ah! Cranach, como eu gosto
dessas mulheres nuas que você pinta
com seus pequenos seios
suas barrigas
e ao alto os chapelões cheios de plumas.
E as Salomés, que graça
segurando cabeças de Batista
com a mesma elegante displicência
com que outras, no colo,
afagam cães de raça.
Mas há nessas mulheres
escondido
atrás da boca fina
ou do olhar oblíquo
um luzir de punhal
um gelo ambíguo que
embora estando nuas
lhes põe vestido.

Marina Colasanti

Pintura:Cranach

5 comentários:

Paula Raposo disse...

Gosto deste poema. Um belo quadro...beijos.

Fatyly disse...

Um poema diferente...gostei!
O quadro não o queria nem dado que carantonha tão feionça:)

Beijocas

peciscas disse...

Comungo de uma boa parte das ideias que este poema expressa, perante as emoções que um quadro de mulher nua me desperta.

Marco Rebelo disse...

boa imagem :)

Menina Marota disse...

"...Mas há nessas mulheres
escondido
atrás da boca fina
ou do olhar oblíquo
um luzir de punhal
um gelo ambíguo que
embora estando nuas
lhes põe vestido."

Excelente!!

Bj