quarta-feira, novembro 17, 2004

Um Índio




Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante

Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito

REFRÃO

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio.


Caetano Veloso

3 comentários:

Anónimo disse...

Trazes para aqui grandes recordações. Aqui está mais uma. Linda, esta música do Caetano :) bjs

folhasdemim disse...

Vi Caetano recentemente no Pavilhão Atlântico. Fabuloso. Adorei! Beijos, Betty :)

lique disse...

Olha que bela recordação, esta canção do Caetano! Que belas todas as lembranças do Caetano! Beijinhos, amiga