quarta-feira, novembro 17, 2004
Tortura
Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
-E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinzas esparsas ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isso que sinto!
Florbela Espanca
Foto:Paulo Martins
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1 comentário:
Como ela se enganava. De ocos e rudes, os seus versos não tinham nada. Beleza pura. Beijinhos
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