sexta-feira, novembro 26, 2004
Também este crepúsculo...
Também este crepúsculo nós perdemos.
Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.
Olhei da minha janela
a festa do poente nas encostas ao longe.
Às vezes como uma moeda
acendia-se um pedaço se sol nas minhas mãos.
Eu recordava-te com a alma apertada
por essa tristeza que tu me conheces.
Onde estavas então?
Entre que gente?
Dizendo que palavras?
Porque vem até mim todo o amor de repente
Quando me sinto triste, e te sinto tão longe?
Caiu o livro em que sempre pegamos ao crepúsculo,
e como um cão ferido rodou s minha capa aos pés.
Sempre, sempre te afastas pela tarde
para onde o crepúsculo corre apagando estátuas.
Pablo Neruda
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1 comentário:
Neruda e ausência, no amor. A dor da ausência. Precisava ler isto hoje. Obrigada, wind. Beijinhos
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