segunda-feira, novembro 08, 2004

Soneto já antigo




Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás-de
dizar aos meus amigos aí de Londres,
embora não o sintas, que tu escondes
a grande dor da minha morte. Irás de

Londres p'ra Iorque, onde nasceste (dizes...
que eu nada que tu digas acredito),
contar àquele pobre rapazito
que me deu tantas horas felizes,

Embora não o saibas que morri...
mesmo a ele, a quem eu tanto julguei amar,
nada se importará...Depois vai dar

A notícia a essa estranha Cecily
que acreditava que eu seria grande...
Raios partam a vida e quem lá ande!


Álvaro de Campos

Foto:Júlio Miguel Sampaio

1 comentário:

lique disse...

O desencanto de Álvaro de Campos, mais uma vez. É o teu heterónimo favorito, confessa. Berijinhos