domingo, novembro 14, 2004

Noite de saudade




A noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda a amargura...
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Porque é que és tão escura, assim tão triste?
É que talvez, ó Noite em ti existe
Uma Saudade à que contenho!

Saudade que eu sei de onde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!...Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!


Florbela Espanca

Foto:Pedro Gomes

2 comentários:

wind disse...

:))) beijos

Henrique Dória disse...

Ao percorrer o teu blog percebi de repente: a Florbela era o mais sebastianista dos nossos poetas.Formidável descoberta! Beijos