sábado, novembro 27, 2004
Nictofagia
Se eu pudesse beber-te, ó noite,
Até encontrar o teu gosto,
Ou mordendo a ponta do açoite
Da tua treva no meu rosto,
Achasse a planície de lume
De que és uma aresta de estrelas
E sonhando sem peso e volume
Fosse um sonho de chão a tecê-las
E na praia de um trilo sem flauta,
Instrumento das harpas do fundo
Duma água escorrida da pauta
Da manhã mais antiga do mundo,
Me estendesses, ó noite florida
Das sementes que trazes no punho,
Uma adolescência impelida
Pelo arco das brisas de junho!
Natália Correia
Foto:Celso Simões Mendes
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Tesn um gosto excelente na escolha de poemas e imagens que colocas aqui. Beijo e bom fim de semana
Belíssimo poema de Natália Correia , que eu desconhecia! Muito bem ilustrado também. Um beijo grabde e bom fim de semana!
Natália Correia e as suas palavras cheias, fortes, palavras com garra. Uma mulher difícil de esquecer. Beijinhos, amiga e bom fim de semana.
Enviar um comentário