quinta-feira, novembro 04, 2004

Amor que morre




O nosso amor morreu...Quem o diria!
Quem o pensara ao ver-me tonta.
Ceguinha de te ver, sem ter a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre...e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...

Eu bem sei, meu Amor, que p'ra viver
São precisos amores p'ra morrer,
E são precisos sonhos para partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!


Florbela Espanca

Foto: Paula Machado

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