quinta-feira, janeiro 14, 2010

Mãe negra



A mãe negra embala o filho.
Canta a remota canção
Que seus avós já cantavam
Em noites sem madrugada.
Canta, canta para o céu
Tão estrelado e festivo.
É para o céu que ela canta,
Que o céu
Às vezes também é negro.
No céu
Tão estrelado e festivo
Não há branco, não há preto,
Não há vermelho e amarelo.
—Todos são anjos e santos
Guardados por mãos divinas.
A mãe negra não tem casa
Nem carinhos de ninguém...
A mãe negra é triste, triste,
E tem um filho nos braços...
Mas olha o céu estrelado
E de repente sorri.
Parece-lhe que cada estrela
É uma mão acenando
Com simpatia e saudade...

Aguinaldo Fonseca (Cabo Verde)

Pintura retirada do Google

4 comentários:

Fatyly disse...

M A R A V I L H O S O!!!!

esta pintura faz-me lembrar as de Neves e Sousa:)

Adorei!

Beijos e um bom dia

polittikus disse...

Adorei o poema. depois da desgraça no Haiti, imagina o coração de mauitas mães...

Paula Raposo disse...

Gosto muito deste poema.
Beijos.

Menina Marota disse...

O teu poema fez-me lembrar um outro que ouvia em miúda cantada por um Duo que adorava ouvir... deixo-te o poema...

Pele encarquilhada carapinha branca
Gandôla de renda caindo na anca
Embalando o berço do filho do sinhô
Que há pouco tempo a sinhá ganhou
Era assim que mãe preta fazia
Criava todo o branco com muita alegria
Porém lá na sanzala o seu pretinho apanhava
Mãe preta mais uma lágrima enxugava
Mãe preta, mãe preta
Enquanto a chibata batia no seu amor
Mãe preta embalava o filho branco do sinhô

Poema de Matheus Nunes (Caco Velho)

Cantado pelo Duo Ouro Negro

Um grande Abraço e Feliz 2010