quarta-feira, abril 01, 2009

Para vivenciar nadas



Borboleta é um ser irrequieto.
Para vestes usa pólen.
Tem um cheiro colorido
e babas de amizade.
Descola por ventos
e facilmente aterroriza em sonhos.
Borboleta tem correspondência directa
com a palavra alma.
Para existir usa liberdades.
Desconhece o som da tristeza
embora saiba afogá-la.
Usa com afinidades
o palco da natureza.
Nega maquilhagens isentas
de materiais cósmicos. Como digo:
Pó-de-lua, lápis solar
castanho-raiz, cinzento-nuvem.
Borboleta dispõe de intimidades
com arcos íris
a ponto de cócegas mútuas.
Para beijar amigos e vidas ela usa olhos.
Borboleta é um ser
de misteriosos nadas.

Ondjaki in"Poesia", págs.38,39; Editorial Caminho

Foto retirada do Google

4 comentários:

Fatyly disse...

Não conhecia este poema deste jovem poeta angolano:)

Gostei imenso.

Beijocas e um BOM DIA!

Paula Raposo disse...

E o Ondjaki é fabuloso!! Beijos.

peciscas disse...

E, no entanto, a borboleta é um ser dramaticamente efémero.

alien aboard disse...

E, no entanto, a sua efemeridade é o k torna a borboleta ainda mais bela mas a metáfora k ela encerra é poderosa...

gostei da aparente simplicidade e da beleza poética k este poema em si encerra como uma borboleta k antes d abrir asas e voar já foi lagarta crisálida...tenho k paxar a ler mais autores africanos :)