quinta-feira, março 12, 2009
Sonetos (1)
Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a mãe ordena
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali ou a criada.
A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz coa doce voz que o ar serena:
– «Sumiu-se-lhe um colchão? É forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada...»
– «Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que, por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?» E, dizendo isto,
Arremete-lhe à cara e ao penteado.
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado!...
Nicolau Tolentino
Imagem retirada do Google
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4 comentários:
Wind,
Com atraso, mas a pôr em dia a leitura aqui no teu cantinho.
Tolentino com um soneto que nunca mais esqueci :)
Arthur Azevedo que não conhecia.
Drummond, evidentemente!
Montale, que nunca tinha lido.
Mário Viegas. Um provérbio de peso.
E ainda mais, ainda muito mais!
Um beijo.
Não conhecia e achei tão original.
Parabéns pela escolha e sobretudo pela foto:)
Beijocas e um bom dia
Mas que grande Toucado é presiso ter, para de lá um colchão sair :)))))))
Sempre achei giro este poema!! Beijinhos.
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