domingo, fevereiro 01, 2009

Pietá



Já lívido repousa em seu regaço.
Já não escuta, não vê, não ri, não fala.
Aquele que foi Seu filho, Ela o embala
Morto, alheia a tempo e espaço.

O mistério parou no limiar dos assombros.
Dos irados profetas, das rígidas escrituras
Sobra um Deus morto; e os únicos escombros
São a atónita aflição das criaturas.

Eles choram, vários, como vários são
Sua revolta e sua dor. Absorto,
O olhar da Mãe escorre, inútil, no chão.
Ela, o que chora? O Deus parado - ou o filho morto?

Reinaldo Ferreira

2 comentários:

Paula Raposo disse...

Um belo poema!

Fatyly disse...

O que ela ou elas choram é uma dor irreparável com a morte de um filho, indo contra o que naturalmente Deus criou!

Não conhecia e gostei muito!

Beijos