quarta-feira, fevereiro 11, 2009
Claridade
Clareou.
Vieram pombas e sol,
E de mistura com o sonho
Posou tudo num telhado...
Eu destas grades a ver
Desconfiado
Depois
Uma rapariga loura
(era loura)
num mirante
estendeu roupa num cordel:
roupa branca, remendada
que se via
que era de gente lavada,
e só por isso aquecia...
E não foi preciso mais:
Logo a alma
Clareou por sua vez.
Logo o coração parado
Bateu a grande pancada
Da vida com sol e pombas
E roupa branca, lavada.
Miguel Torga
Imagem retirada do Google
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4 comentários:
estendeu roupa num cordel:
roupa branca, remendada
que se via
que era de gente lavada,
e só por isso aquecia...
..........
que delícia, clap, clap, clap
Beijocas e inté:)
Um retrato de frescura e simplicidade rural que o Torga tão bem sabia captar e exprimir.
Que maravilha de poema!! Às vezes fico sem saber que dizer. É o caso...beijos.
Wind,
De facto, por vezes é preciso "pouco" para que tudo clareie. Como, por exemplo, um bom poema de Torga...
Beijinhos.
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