quarta-feira, novembro 03, 2004

Eu




Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada...a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!


Florbela Espanca

Foto:A Brito

2 comentários:

lique disse...

Sabes que adoro este soneto de Florbela? Sentimo-nos assim tantas vezes... Gosto particularmente do final do poema, o pensar que podemos ser a imaginação de alguém que nunca nos encontrou. Belíssimo! Beijinhos

Anónimo disse...

Acho que já tudo foi dito sofre este poema.......
Muita gente se vê nele....como nao poderia de ser.. eu tambem!
Beijosssssss
Célia