quarta-feira, novembro 03, 2004

Cantarei




Vivi povo e multidão
sofri ventos sofri mares
passei sede e solidão
muitos lugares
sofri países sem jeito
p'r'ó meu jeito de cantar
mordi penas no meu peito
e ouvi braços a gritar

e depois vivi o tempo
em que o tempo não chegava
para se dizer o tanto
que há tanto tempo se calava

vivi explosões de alegria
fiz-me andarilho a cantar
cantei noite cantei dia
canções do meu inventar

cantarei cantarei
à chuva ao sol ao vento ao mar
seara em movimento
ondulante, sem parar

Hoje resta-me este braço
de guitarra portuguesa
que nunca perde o seu espaço
e a sua beleza
hoje restam-me os abraços

nesta pátria viajada
dos que moram mesmo longe
a tantos dias de jornada

dos que fazem Portugal
no trabalho dia a dia
e me dão alma e razão
nesta porfia

por isso invento caminhos
mais cantigas viajantes
e sinto música nos dedos
com a mesma força de antes
cantarei cantarei
à chuva ao sol ao vento ao mar
seara em movimento
ondulante, sem parar.


Pedro Barroso

Foto:A Brito


PS:Não costumo justificar as minhas escolhas de poemas, mas este é por o imbecilóide do Bush ter ganho as eleições nos Estados Unidos da América. Aqui fica o meu grito de revolta!

wind

2 comentários:

Jorge Castro (OrCa) disse...

Votaram Bush os bacanos
Por medo e por mil enganos
Votaram Bush os bacanos
E assim nos condenaram a ele por mais quatro anos
Votaram Bush os bacanos
Não terão aqueles tipos vergonha de se mostrarem
... assim tão americanos?

Beijos, cara amiga. Dias melhores virão!

lique disse...

Gostei muito do poema e mais ainda da tua justificação. Olha apetece-me cantar como o Chico: "apesar de você amanhã há-de ser outro dia". Se não pensarmos assim, onde iremos parar? Beijinhos