domingo, novembro 07, 2004

É bom, amor




É bom, amor, sentir-te perto de mim na noite,
invisível em teu sonho, seriamente noturna,
enquanto eu desenho minhas preocupações
como se fosse redes confundidas.
Ausente, pelos sonhos teu coração navega,
mas teu corpo assim abandonado respira
buscando-me sem ver-me, completando meu sonho
como uma planta que se duplica na sombra.
Erguida, serás outra que viverá amanhã,
mas das fronteiras perdidas na noite,
deste ser e não ser em que nos encontramos
algo fica acercando-nos na luz da vida
como se o selo da sombra assinalasse
com fogo suas secretas criaturas.


Pablo Neruda

Foto:Alexandre T.

2 comentários:

Pink disse...

Lindíssimo poema de Neruda, com alguns paradoxos que são coisas que exuistem na vida ... Bela a foto também. Um beijo

Anónimo disse...

de passagem, rapidinha e ensonada, para desejar semana superespecial :-)
o sapinho lá continua em hibernação...