sábado, junho 27, 2009

Seus olhos



Seus olhos – se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

Almeida Garrett

Foto retirada do Google

3 comentários:

rabeca disse...

Ó Garrett intemporal
Continuas actual
Essa chama de queimar
Continua-me a devorar!

Fatyly disse...

Não me lembro de ter lido este poema e como gostei...sempre actual.

Beijocas e um bom serão

Paula Raposo disse...

A intemporal poesia. Beijos.