segunda-feira, junho 29, 2009
Grita
Amor, quando chegares à minha fonte distante,
cuida para que não me morda tua voz de ilusão:
que minha dor obscura não morra nas tuas asas,
nem se me afogue a voz em tua garganta de ouro.
Quando chegares, Amor
à minha fonte distante,
sê chuva que estiola,
sê baixio que rompe.
Desfaz, Amor, o ritmo
destas águas tranquilas:
sabe ser a dor que estremece e que sofre,
sabe ser a angústia que se grita e retorce.
Não me dês o olvido.
Não me dês a ilusão.
Porque todas as folhas que na terra caíram
me deixaram de ouro aceso o coração.
Quando chegares, Amor
à minha fonte distante,
desvia-me as vertentes,
aperta-me as entranhas.
E uma destas tardes - Amor de mãos cruéis -,
ajoelhado, eu te darei graças.
Pablo Neruda
Foto retirada do Google
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5 comentários:
Uma prece bem sentida!
Beijocas e um bom dia:)
Logo pela manhã ler um dos poemas de Neruda, é um deleite...beijos.
Nunca tinha lido a versão em português deste excelente poema.
E gostei ainda mais que o original, embora já o tivesse lido há tanto tempo que posso estar errado.
Obrigado pela partilha querida amiga.
Boa semana, beijo.
Quando o amor chega, estremecemos, damos graças, e cantamos. O Neruda faz isso tudo de modo supremo.
Um dos mais belos poemas sobre o Amor, que devastadoramente paira nas almas enamoradas dos humanos que a ele se rendem...
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