segunda-feira, junho 08, 2009

A mulher nua



Humana fonte bela,
repuxo de delícia entre as coisas,
terna, suave água redonda,
mulher nua: um dia,
deixarei de te ver,
e terás de ficar
sem estes assombrados olhos meus,
que completavam tua beleza plena,
com a insaciável plenitude do seu olhar?

(Estios; verdes frondas,
águas entre as flores,
luas alegres sobre o corpo,
calor e amor, mulher nua!)

Limite exacto da vida,
perfeito continente,
harmonia formada, único fim,
definição real da beleza,
mulher nua: um dia,
quebrar-se-á a minha linha de homem,
terei que difundir-me
na natureza abstracta;
não serei nada para ti,
árvore universal de folhas perenes,
concreta eternidade!

Juan Ramón Jiménez, Tradução de José Bento

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Fatyly disse...

Não conhecia e gostei muito pela sua originalidade.

Beijocas e um BOM DIA:)

Paula Raposo disse...

Um belíssimo poema que não conhecia. Obrigada pela partilha. Beijos.

peciscas disse...

Um poema que descreve, com sensibilidade e muita delicadeza, o corpo feminino.
Gostei!

Nilson Barcelli disse...

É a primeira vez que leio este poeta.
É o poema é magnífico.
Querida amiga, obrigado pela partilha.
Boa semana, beijo.