sábado, janeiro 03, 2009
A um gato
Os espelhos não são mais silenciosos,
nem mais furtiva a alva aventureira;
sob a lua, tu és essa pantera
que de longe avistamos, cautelosos.
Por obra indecifrável de um decreto
divinal, procuramos-te vãmente;
mais remoto que o Ganges e o poente,
são teus a solidão e o mais secreto.
Teu lombo condescende com a amorosa
carícia desta mão, já admitido
tens desde a eternidade que é olvido
todo o amor da mão tão receosa.
Em outro tempo estás. És tu o dono
de um âmbito fechado como um sonho.
Jorge Luís Borges
Foto retirada do Google
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5 comentários:
Um poema para reflectir...gostei. Beijos.
Por vezes somos gatos temerosos mas altivos perante o que nos rodeia e afinal ao olharmos bem para dentro de nós verificamos que nós é que temos de mudar para disfrutar de quem se abeira com carinho e amizade e sem intenção de magoar.
Gosto muito deste poema e o foto parece o Riscas que era das minhas netas.
Beijos e um bom dia:)
Wind,
Gatos na linguagem perfeita do J.L. Borges.
Conheço-lhes o olhar a rebeldia e a ternura.
Beijos
São esfingicamente elegantes!
Maravilhoso
Parabéns pela postagem
Beijos
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