Olho para as minhas mãos
e súbito vejo as tuas
Agora que envelhecem
começam a ser tu
não propriamente nas feições
mas no olhar no sorriso
na presença
É verdade que as tuas foram bem mais castigadas
pela vida:
lavaram roupa antes das máquinas de lavar
a loiça antes dos detergentes
cozinharam em fogões antes de haver gás
amassaram o pão em alguidares de barro
estenderam-no em tabuleiros de madeira
fizeram queijo com flor de cardo
e ao mesmo tempo costura trabalhos de agulha
e bastidor
até de bilros
Nos dias de festa
matavam galinhas coelhos até cabritos
que mais ninguém tinha coragem de sacrificar
(mas eras tu a destemida sacerdotisa
tinha que ser)
Depois regalavam a família
com tachos e panelas fumegantes
Ao serão ainda tricotavam agasalhos
para pequenos e grandes
raramente para a própria dona
Hoje
as minhas mãos lembram-se
desses serões e madrugadas
como de uma perdida juventude
Teresa Rita Lopes visto na Eli
Foto retirada do Google
4 comentários:
As mãos também são um bom espelho...beijos.
As mãos contam muitas histórias.
Lindissimo e pus-me a olhar para as minhas tão estafadinhas:))) e se falassem, como diz o Peciscas, contariam muitas histórias.
Beijos e um resto de dia feliz
lindoooooooooo
jocas maradas
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