sábado, maio 17, 2014

Tu és a esperança, a madrugada




Tu és a esperança, a madrugada.
Nasceste nas tardes de setembro,
quando a luz é perfeita e mais dourada,
e há uma fonte crescendo no silêncio
da boca mais sombria e mais fechada.

Para ti criei palavras sem sentido,
inventei brumas, lagos densos,
e deixei no ar braços suspensos
ao encontro da luz que anda contigo.

Tu és a esperança onde deponho
meus versos que não podem ser mais nada.
Esperança minha, onde meus olhos bebem,
fundo, como quem bebe a madrugada.

Eugénio de Andrade

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Fatyly disse...

Este poema é de uma doçura tal, que quase o sei de cor. Adorei reler o que fiz a cantar:):):):)

Beijocas e um bom sábado

Nilson Barcelli disse...

Magnífica escolha poética.
Tem um bom fim de semana, querida amiga.
Beijo.

Anónimo disse...

Esperança e madrugada? Condizem.