sábado, fevereiro 09, 2013

Viagem


Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revôlta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
António Gedeão

Imagem retirada do Google 


6 comentários:

Anónimo disse...

Aprecio a escrita de António Gedeão.

O mesmo não posso dizer em relação às letras que terei que escrever quando saír.
:(
Bj

Fatyly disse...

Gostei de reler o que é sempre maravilhoso.

Beijocas

Nilson Barcelli disse...

Magnífica escolha poética.
Gostei, como sempre.
Isabel, querida amiga, tem um bom fim de semana.
Beijo.

Anónimo disse...

Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos


O pagão do Fernando Pessoa se calhar acreditava, como muita gente hoje em dia acredita, que existem sempre muitas outras vidas para cada um de nós, de modo a nos aperfeiçoarmos e nos desenvolvermos espiritualmente. Isso é, no mínimo, altamente contraditório em relação aos caprichos da demografia e da ciência/lógica.

wind disse...

Fernando Pessoa?
Este poema é de António Gedeão.

Anónimo disse...

Eu sei. Apenas confrontei uma suposta posição do Pessoa em relação à posição do Gedeão.