quinta-feira, dezembro 30, 2010
Nuvens
Encantei-me com as nuvens, como se fossem calmas
locuções de um pensamento aberto. No vazio de tudo
eram frontes do universo deslumbrantes.
Em silêncio via-as deslizar num gozo obscuro
e luminoso, tão suave na visão que se dilata.
Que clamor, que clamores mas em silêncio
na brancura unânime! Um sopro do desejo
que repousa no seio do movimento, que modela
as formas amorosas, os cavalos, os barcos
com as cabeças e as proas na luz que é toda sonho.
Unificado olho as nuvens no seu suave dinamismo.
Sou mais que um corpo, sou um corpo que se eleva
ao espaço inteiro, à luz ilimitada.
No gozo de ver num sono transparente
navego em centro aberto, o olhar e o sonho.
António Ramos Rosa
Imagem retirada do Google
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Imensamente belo...e por vezes sabe tão bem ver as formas com que se apresentam quando olho para elas.
Adorei!
Beijocas e um bom dia:)
Há nuvens que registamos com várias formas.
Mas sem dúvida que qualquer uma nos seduz.
Bom ano.
Enviar um comentário