domingo, setembro 25, 2011

Arte poética



Andara muito, noutro tempo, por Lisboa
até que as ruas de repente se inclinaram
e ficaram viscosas e caladas.

Reparou que nas noites de verão
as esquinas cheiram intensamente a mijo.

Por isso foi ficando pela casa
que se encheu devagar de copos sujos
e de cuecas e meias pelos cantos.

Debruça-se agora muito mais
sobre o que escreve.

Manuel Filipe, in"O Rosto Remoto", pág.48

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Anónimo disse...

Magnífico texto "sublinhado" por uma foto fora de série.

Bj

Nilson Barcelli disse...

Opções...
Belo poema, gostei.
Querida amiga, tem um bom resto de domingo e boa semana.
Beijos.

Fatyly disse...

Um poema tão sentido e com sentido...e não podias ter escolhido melhor foto. Adorei!

Beijocas