sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Estar só é estar no íntimo do mundo



Por vezes cada objecto se ilumina
do que no passar é pausa íntima
entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
como no silêncio de uma planta
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo

António Ramos Rosa

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Escrever assim é simplesmente belo!!!!
Beijos.

Anónimo disse...

A considerar como um tipo de escrita aparentemente lúcido.

Gostei.

Bjs

Fatyly disse...

Imensamente tocante e sublime. A foto é lindissima!

Beijocas e um bom serão

Mar Arável disse...

As sombras

não passam do chão