quinta-feira, janeiro 27, 2011

Bebido o luar



Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver

Sophia de Mello Breyner Andresen

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Fatyly disse...

..."somos e passamos"...de facto nada é nosso e Sophia descreve fabulosamente esta nossa passagem.

Não conhecia e gostei imenso!

Anónimo disse...

Belíssimo trabalho.

Bj

Paula Raposo disse...

Não há palavras...belo!
Beijos.