segunda-feira, setembro 27, 2010
Parábola
O frio da noite
é um impulso invisível
ao oculto
desconhecido -
as aves migrantes há muito
partiram
em direcção
a outro lado
deixam as cidades
poluídas
por cemitérios de sucata
e baldios onde
crianças sem-nome
dormitam
no silêncio das estrelas
as mãos pequenas
inflamadas
mal aquecem em volta
das fogueiras de rua
cada lágrima é um verso
traçado a fogo
como sinal genético
predefinido
a barreira das dunas
sua última fronteira
assim
a cor do fumo
deste imenso nevoeiro
fala ao nosso tempo
deixando
ante os vírus mortais
um recado de inverno
intimidado
neste vagar
só de manhã
o sol aparece... a enxugar as lágrimas.
João Nabais
Imagem retirada do Google
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
"cada lágrima é um verso
traçado a fogo
como sinal genético
predefinido"
imensamente comovente e bastante real e no que toca a crianças e pela foto...nem consigo dizer mais nada!
Gostei muito!
Beijocas e um bom dia
Bela escolha, porque esta parábola é mesmo um excelente poema.
Beijos.
Enviar um comentário