sexta-feira, setembro 10, 2010
Nas ervas
Escalar-te lábio a lábio,
percorrer-te: eis a cintura
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso
descer aos flancos, enterrar
os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta
aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão.
porque é terrivel
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve.
abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho -
a glande leve.
Eugénio de Andrade
Imagem retirada do Google
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3 comentários:
Mais um poema fantástico do Grande Eugénio de Andrade!
Beijos.
Gosto.
M)
Um poema soberdo deste soberbo poeta.E como este eu não conheci, vou toubar pra minha pasta de especiais, tá?
Um beijo grande daqui.
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