segunda-feira, outubro 19, 2009
Pátria
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo
Sophia de Mello Breyner Andreson
Foto retirada do Google
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3 comentários:
Muito belo poema da pátria. Beijos.
Não conhecia este hino, fantástico e até dói de tão real e sempre actual.
Gostei muito!
Beijos
A excelência da poesia mora aqui, trazida pelo teu inexcedível bom gosto.
Querida amiga, desejo-te uma excelente semana.
Beijos.
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